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Iluminação artificial e saúde
Atualizado: 16 de Ago de 2019
Será que o projeto de arquitetura pode ajudar a melhoria a saúde das pessoas? Nós aqui do escritório Sabbag&Gabardo acreditamos que SIM! No artigo abaixo explicamos melhor alguns temas ligados à saúde e iluminação:

Atualmente praticamente todas as atividades realizadas pelas pessoas acontecem dentro de algum tipo de ambiente construído. Trabalho, convívio, diversão não necessitam mais da luz natural para acontecer e estender-se noite adentro devido às inúmeras tecnologias desenvolvidas para criar luz.
Historicamente, as cavernas oferecidas pela natureza são os primeiros exemplos do uso da arquitetura como abrigo. Entretanto, foi o aprendizado da manipulação do fogo que revolucionou a maneira como os seres humanos se relacionavam com esses abrigos. O fogo, dentre inúmeras funções, também permitia iluminar a escuridão da noite e tornava possível que diversas atividades e o convívio social fossem realizados durante a noite.
O uso do fogo como primeira fonte de iluminação, inspirou os seres humanos a desenvolver ao longo dos séculos os mais diversos recursos para iluminar a escuridão. Passando das tochas para as velas, lampiões, lâmpadas de filamento e chegando nas mais recentes inovações como o LED. Com o avanço da tecnologia é possível, facilmente, transformar a noite em dia. Atualmente, existem diferentes cores de iluminação e inúmeras potências de elementos provedores de luz, que transcenderam a função de iluminar e agora também servem para decorar os espaços.
E com tantas mudanças significativas é importante ter cautela ao projetar os espaços iluminados, já que a luz representa o estímulo mais importante para o ajuste dos ritmos circadianos¹.


Resumidamente: nos seres humanos os estados de sono e vigília alternam-se cerca de uma vez por dia. O período de repouso dura aproximadamente 8h e o período de vigília aproximadamente 16h. A este ciclo, dá-se o nome de ritmo circadiano. Ele é um ritmo biológico de duração aproximada de 24h. O corpo humano possui uma espécie de relógio interno, o qual recebe dados através dos olhos e outras partes do sistema nervoso², e então emite sinais que influenciam diversos sistemas do corpo ativando ou inibindo-os. A luz serve para ajustar a secreção de alguns hormônios e redefinir o ciclo da vigília-sono³.
Na natureza, a luz da manhã é aquela luz recebida nas primeiras horas do dia logo após o despertar. Uma luz artificial com características semelhantes à esta luz é muito brilhante e azulada, e é a mais eficaz para regular o ciclo vigília-sono. Já a luz natural da tarde é aquela luz recebida no fim do dia. Esta luz é muito menos brilhante do que a luz da manhã e é alaranjada, variando do amarelo até o âmbar na hora do pôr do sol. Este tipo de luz ajuda o organismo a relaxar e preparar-se para o sono. Com esta informação em mãos já é possível iniciar uma série de reflexões acerca do projeto de iluminação e a relação entre o uso do espaço e a escolha do tipo de iluminação.
Sempre que possível, o projeto de arquitetura deve ser pensado de maneira integrada, sem segmentar projeto arquitetônico do projeto de interiores e iluminação. Com isso, é possível otimizar a entrada de luz natural nos ambientes, evitando o uso de luz artificial, principalmente, durante o dia. Além de ajudar na saúde dos usuários, colabora também com a eficiência energética do edifício.
A partir de um projeto de iluminação é possível criar diferentes cenários os quais podem despertar diversas percepções e sensações nos indivíduos. Por isso é importante considerar os efeitos positivos e negativos que esta iluminação irá causar nas pessoas que frequentam tal espaço projetado. O estudo sobre a fisiologia humana aliado ao estudo dos efeitos no organismo decorrentes de ambientes criados nestes projetos torna-se importantíssimo para que os edifícios possam ser de fato ambientes que propiciem o bem-estar a seus usuários e que possam cumprir às diferentes funções a que são destinados (trabalho, abrigo, diversão).
A luz artificial é importante em diversos aspectos como por exemplo: estender a duração do dia e até mesmo substituir a noite pelo dia, proporcionar condições adequadas de iluminação para a realização de diversas tarefas independente das condições ambientais externas. Porém, é necessário levar em conta quais são as consequências do excesso de iluminação ao qual os organismos estão sendo expostos e também compreender que existem diferentes tipos de iluminação para diferentes usos do espaço.
Quer ver mais fotos? Acesse a página do projeto em nosso site:
www.sabbagegabardo.com/apartamento-i015
Referências:
1. CARLSON, Neil R. Fisiologia do comportamento. 7ª. ed. São Paulo: Manole, 2002. 699 p.
2. WIDMAIER, Eric P.; RAFF, Hershel; STRANG, Kevin T. Vander. Fisiologia Humana: Os mecanismos das funções corporais. 12ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. 774 p.
3. NETO, Júlio Anselmo Souza; CASTRO, Bruno Freire de. Melatonina, ritmos biológicos e sono – uma revisão da literatura. Revista Brasileira de Neurologia, [S.l.], v. 44, n. 1, p. 5-10, jan. 2008.
Créditos:
Fotógrafa: Dea Flylyk
Esta matéria foi publicada na Revista Klie - Edição Agosto/2019.
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